O mundo parou, a tinta da caneta secou, as folhas dissiparam-se e eu, eu continuava sentada na secretária, a olhar pela janela da varanda da sala e a ver o mundo a desmoronar-se lentamente.
Eu queria continuar a escrever-te, podia até ser a última carta que te escrevia, mas queria fazê-lo e a caneta não deixava, parecia que a cada letra que escrevia ela me escorregava das mãos. Olhei para a nossa fotografia e pensei quando te voltaria a ver, quando poderia voltar a olhar-te nos olhos e dizer que te amava, quando poderia voltar a estar na mesma cama contigo, a andar de mãos dadas contigo na rua, a olhar-te de forma apaixonada, a sorrir para ti de forma cúmplice,...
Cruzei os braços por cima da mesa, pus o queixo por cima deles, e deixei-me adormecer. Quando acordei, o mundo tinha voltado a girar, a caneta sujava-me as mãos de tinta e as folhas formaram um caderno, no passepartout onde tinha a nossa fotografia, já só constava uma foto minha, sozinha. Aí, parei eu, parou o coração.
1 comentário:
Tas na foça
Enviar um comentário