quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

" Eu senti que não me amavas da mesma forma, mas não queria aceitar tal evidência, por isso vazei os olhos da minha lucidez num gesto de obstinação descontrolada. Era-me mais fácil então ficar temporariamente cega do que aceitar a realidade.
Amava-te demasiado, desistir de ti era quase como morrer.
Agora, com o véu da distância, pode parecer-te um exagero, mas foi o que senti durante esse tempo, era essa a minha realidade. No segundo ano, quando finalmente aceitei que não me amavas, nem da mesma forma nem de qualquer outra, acumulei o meu amor por ti com uma afeição profunda, quase maternal.
E no terceiro ano, quando as circunstancias me afastaram dos dois e mergulhei numa tristeza imensa que me devorou os dias e da qual só despertei pouco antes de ter ficado doente, tentei esquecer-te, mesmo sabendo que isso nunca iria acontecer.
Eu quis tanto que tu me amasses … não se pode querer isso dos outros, é uma violência para eles e para nós próprios. Uma violência e um disparate.
Tu foste a minha grande aposta e a minha maior decepção”.


 O dia em que te esqueci - Margarida Rebelo Pinto.

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